Muitos entendem que o avanço da Inteligência Artificial em healthcare resultaria em menor nível de interação humana com os pacientes. Por outro lado, o presente artigo investiga a alternativa contrária, ou seja, se os profissionais de saúde teriam mais tempo a investir na principal razão que os levou à prática médica: o contato com o paciente.
Em recente artigo da Academic Medicine, o Dr Clay Johnston, PhD da Dell Medical School da Universidade de Austin afirmou que “Em 2010, o volume de informação médica duplicava a cada 3 anos e meio. Em 2020, isso ocorrerá a cada 2 meses e meio”.
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Além da imensa quantidade de conhecimento médico a ser absorvido e processado, adiciona-se a matriz de informação coletada dos pacientes, potencializada pelo avanço da tecnologia diagnóstica e análise genética, deixando claro que o volume e complexidade das informações suplanta a capacidade humana de processamento.
Sob essa égide, Dr Clay questiona se o exercício da medicina está fadado à obsolescência, a exemplo do que ocorreu com os datilógrafos, cartógrafos, agentes de viagem, taxistas, entre outros.
Por outro lado, ele analisa que, desde o advento do computador pessoal e da internet, médicos têm recorrido cada vez menos a livros e mais em fontes online de informação, para apoiar seus diagnósticos e prescrições. Nessa linha, a IA se apresentaria como uma ferramenta adicional na avaliação e tomada de decisão médica.
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Com efeito, ele menciona que algumas universidades estão ajustando seus cursos diante desse paradigma. Na Dell Medical, a duração da grade de ciência básica foi reduzida para 12 meses, diminuindo a carga de memorização e aumentando o foco em comunicação, empatia, administração de equipes, gestão de conflitos, criatividade, resiliência.
Finalmente, ele reflete que, com máquinas cada vez mais capacitadas para absorção, processamento, correlação e análise informação médica, os médicos poderão investir muito mais energia nos aspectos humanos da medicina: ouvir, tocar, compreender, amparar, acalmar, aconselhar. No fim do dia, o principal efeito colateral da Inteligência Artificial seria o rebalanceamento dos valores humanos na prática médica.
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